Montes Claros, 19 de junho de 2025 – A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apresentou recentemente a nova versão do projeto de concessão do chamado "Lote Minas Gerais", que engloba trechos das rodovias BR-116 e BR-251. O novo plano prevê 178,5 quilômetros de duplicações, além de faixas adicionais, contornos urbanos, passarelas e outras melhorias ao longo de aproximadamente 735 quilômetros de rodovias federais.
Entre os pontos de maior atenção está a quantidade de duplicações previstas especificamente para a BR-251, rodovia de extrema importância para o Norte de Minas.
O que será duplicado na BR-251
De acordo com o projeto apresentado, apenas 24,2 km da BR-251 serão efetivamente duplicados, concentrando-se, principalmente, na região da Serra de Francisco Sá. Isso representa uma pequena fração do total de cerca de 325 km que ligam Montes Claros até a divisa com a Bahia.
Além da duplicação, o projeto inclui a implementação de faixas adicionais em pontos específicos, o que pode trazer algum ganho de segurança e fluidez, mas que, na prática, não tem o mesmo impacto que uma duplicação completa.
Análise: Um avanço que ainda deixa lacunas
Embora o projeto represente um avanço em comparação às propostas anteriores, a extensão de duplicação prevista para a BR-251 ainda é bastante limitada diante das necessidades reais da rodovia.
A BR-251 é uma via de grande fluxo de caminhões, ônibus e veículos de passeio. Ela cumpre um papel estratégico ao ligar o Sudeste ao Nordeste do Brasil, além de ser a principal conexão entre Montes Claros e a BR-116. O trecho é conhecido pelas curvas acentuadas, serras com alto índice de acidentes e dificuldades para ultrapassagens seguras.
O investimento anunciado contempla não apenas duplicações, mas também faixas adicionais e melhorias em pontos críticos. No entanto, o desafio de garantir segurança ao longo de toda a extensão da BR-251 continua sendo uma preocupação que demanda soluções mais abrangentes.
Pedágio e o custo para os usuários
Outro ponto que merece atenção é o modelo de cobrança de pedágio. Segundo a ANTT, o projeto prevê nove praças de pedágio, com tarifas que devem variar entre R$ 12 e R$ 15 por praça. Isso significa que o custo de uma viagem completa pode ser considerável, principalmente para quem depende da rodovia com frequência.
Naturalmente, a cobrança de pedágio deve vir acompanhada de melhorias significativas na infraestrutura e na segurança da via. Caso contrário, o modelo corre o risco de ser visto apenas como mais um encargo para a população que já enfrenta dificuldades no dia a dia.
Cronograma: melhorias só a médio prazo
O cronograma apresentado indica que o leilão da concessão deve ocorrer até 2026, com início das obras mais estruturantes somente a partir de 2028. Até lá, as condições atuais da rodovia devem permanecer praticamente as mesmas.
Esse intervalo entre a assinatura do contrato e o início efetivo das duplicações e melhorias é um fator que também merece atenção. Afinal, a urgência por mais segurança nas estradas é uma realidade cotidiana para quem circula pela BR-251.
Conclusão
O projeto de concessão da ANTT representa um passo importante para a modernização da infraestrutura rodoviária no Norte de Minas, mas o volume de duplicações previsto para a BR-251 ainda parece desproporcional diante da sua importância logística e do histórico de acidentes da rodovia.
É preciso acompanhar de perto a evolução desse processo, com a esperança de que os futuros contratos e cronogramas de obras sejam adaptados para atender.